sexta-feira, 25 de maio de 2012

poema no. 266

acontece
que às vezes é muito não

muitos dedos
em todos os
orifícios

sou todo pleno de orifícios

e não que eu te queira
sempre míope

(ou estrábica
hipermétrope
fotofóbica)

sou de fato pleno de orifícios

mas

acontece
que às vezes é muito não
                      muita dor

talvez teus orifícios junto aos meus
possam surtir algum efeito
terapêutico


quarta-feira, 16 de maio de 2012

poema no. 265

não sei reter amigos
nem amigas

nem sei te-las

(não sei tecer as amizades)

a minha dureza nas feições não deve ajudar
a minha dureza na voz
e nas palavras tampouco

mas como não ser duro
diante da vida que é dura
e dura para sempre

diante da dureza sólida
daquilo que é estar sozinho
temendo estar

como não ser duro diante de tanta dureza que teima em não se verter em luta

mas assim
duro porque duro
sigo duro
e só

domingo, 13 de maio de 2012

poema no. 264

se um papel
com um bilhete
deixa um recado
e some

(ou vira lixo)

ele era papel

se um papel
com um bilhete
deixa um recado
e fica

(ou vira lembrança)

ele era papel

mas vira poema

poema no. 263

sonhos sonhados
constroem-se à noite
durante os sonos

mas sonhos
realizados
constroem-se
na insônia
durante a luta

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