domingo, 2 de janeiro de 2011

O Fotógrafo

   Em 2008 participei, como ator, de minha última peça de teatro. Corpos. Processo colaborativo com direção de Joana Dória de Almeida.
   Participaram dessa peça, além de mim, Fernanda Souza, Matheus e Sofia Boito, que também ficou a cargo da dramaturgia, Pedro, na música.
   Nunca mais tive qualquer contato que valha registro com os integrantes da peça, mas hoje, relendo o necessário livro de Jean-Pierre Ryngaert, encontro, marcando um capítulo sobre Bernard-Marie Koltès (irônico, sim) um dos textos de Sofia Boito, que acabaram não utilizados no formato final da peça.
   Não encontrei mais Sofia desde então, mas Sofia me encontrou. E com que força!
   Abaixo, trecho de seu ótimo texto.

A fumaça de cigarro queimando os olhos. Tanto sofrimento para nada. Os goles de álcool que pareciam me deixar mais alegre, uma pessoa boa e confiável. Não existe nada. Porque mesmo quando há, são apenas pensamentos. O mundo é a confirmação das minhas imperfeições e incongruências. Sou um ser humano. Lá fora, para lá da porta da sala, o universo com aqueles seres que vieram para sorris. Não existe nada. Além da minha pele, meus pelos, meu sangue. Sou matéria viva, orgânica, exposta a degradação.

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