se eu pudesse
te paria às avessas
te poria pra dentro
junto com visgo
e berro
te amarrava pelo umbigo
e te alimentava
com aminoácidos
tenros e ternos
mas a vida
ocorre fora de mim
a vida se dá
nas dores e nas marcas da luta
se dá nas ruas
nos telhados
sob fumaça e estrelas
se dá em filas de cartórios
de farmácias
em corredores de hospitais
se dá nos chuveiros da orla
e nas palafitas
onde se vive sobre a merda
a vida se dá
fora de mim
fora de nós
por isso
não te quero
em mim
nem te quero
natimorta
te quero
limpa
só por hoje
que hoje
a vida segue
marcadores que iam ser
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sexta-feira, 27 de setembro de 2013
domingo, 22 de setembro de 2013
poema à minha primeira namorada
A Maíra Viscaya
quando eu não tinha onze anos
me apaixonei dolorosamente
como não poderia deixar de ser
quando não se tem onze anos
que sejam
por maíra
comprei chocolates
comprei suvenires
comprei flores
comprei e comprei
e o capital não me ajudava
a conquistar minha primeira namorada
lancei mão de todos os artifícios
de que lançam mão os homens apaixonados
cortejei
galanteei
dancei
disse palavras doces
maíra não sabia ainda
mas não era de ser cortejada
nem lhe interessava o patriarcado
e assim
maíra
nunca foi minha namorada
senão na minha cabeça
hoje
vejo pouco quase nada
maíra
e maíra
vê pouco quase nada
mauricio
e no fim das contas
descobrimos em comum
não o amor
não a paixão
não os filhos
nem um cão
mas nossa classe
e ela
antes de mim
partiu em luta
e eu
depois dela
parti em luta
maíra e mauricio
que nunca foram namorada e namorado
tornaram-se
companheira
companheiro
quando eu não tinha onze anos
me apaixonei dolorosamente
como não poderia deixar de ser
quando não se tem onze anos
que sejam
por maíra
comprei chocolates
comprei suvenires
comprei flores
comprei e comprei
e o capital não me ajudava
a conquistar minha primeira namorada
lancei mão de todos os artifícios
de que lançam mão os homens apaixonados
cortejei
galanteei
dancei
disse palavras doces
maíra não sabia ainda
mas não era de ser cortejada
nem lhe interessava o patriarcado
e assim
maíra
nunca foi minha namorada
senão na minha cabeça
hoje
vejo pouco quase nada
maíra
e maíra
vê pouco quase nada
mauricio
e no fim das contas
descobrimos em comum
não o amor
não a paixão
não os filhos
nem um cão
mas nossa classe
e ela
antes de mim
partiu em luta
e eu
depois dela
parti em luta
maíra e mauricio
que nunca foram namorada e namorado
tornaram-se
companheira
companheiro
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
carta aberta para albanett
albanett pensa que sou poeta
e assim
sente falta de que eu pense
poemas
e os escreva
acontece albanett
que não possuo a poesia
mais que possuo
angústias e dores
mais que as trabalho e as forjo no calor das ideias
quando escrevo
escrevo angústias
e as sinto
mais que penso
quando escrevo
escrevo dores
e as sinto
mais que penso
mas quando escrevo
trabalho o papel dolorido
e o sinto
mais que escrevo
nos últimos dias
nas últimas semanas
dores e angústias
as tive todas
mas poesia
ainda que dura
não muda a vida
como a luta muda
e assim
sente falta de que eu pense
poemas
e os escreva
acontece albanett
que não possuo a poesia
mais que possuo
angústias e dores
mais que as trabalho e as forjo no calor das ideias
quando escrevo
escrevo angústias
e as sinto
mais que penso
quando escrevo
escrevo dores
e as sinto
mais que penso
mas quando escrevo
trabalho o papel dolorido
e o sinto
mais que escrevo
nos últimos dias
nas últimas semanas
dores e angústias
as tive todas
mas poesia
ainda que dura
não muda a vida
como a luta muda
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