quinta-feira, 2 de agosto de 2012

poema no. 287

é esta vontade de mudar tudo
este querer tudo
e todos

esta vontade de beijar desesperadamente
todos os homens e mulheres que amo
desesperadamente

de correr
(correr correr de verdade sem metáfora)
seguramente em direção a algo
com o fôlego que não tenho

de ouvir água e vinho até o fim dos tempos
se é que haverão

de escrever harão
de escrever tudo o que hará de não existir
de falar outra língua
de falar a não língua que busco e não encontro para escrever

de calar-me e ficar calado
quietinho quietinho miúdo
pensando pensando

essa vontade de ter vontade
vontades
maiores que eu
maiores que tudo
que sobrarão além de mim
e que as darei a alguém
que harão de sacia-las sobre o chão em que estarei sob

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