As línguas mudam ao longo do tempo. É o caso clássico do "vossa mercê" que virou "você".
Mas o que faz uma língua mudar? São transgressões e rebeldia. Em todos os tempos as classes dominantes usaram a língua como uma das formas de dominação. Nas sociedades antigas, somente os homens do clero, escribas, senadores etc. podiam aprender a ler. Hoje, somente a burguesia e as camadas médias tem acesso a educação de qualidade.
Isso garante que fiquem sob domínio das das classes dominantes as normas de prestígio da língua - que geralmente são aquelas que mais se aproximam da norma culta, a forma gramatical.
Essas classes farão de tudo para que a língua não mude. Ou permaneça o máximo de tempo possível como está, para que, assim, possa ser por mais tempo um instrumento de dominação - tanto psicológico quanto formal, por meio do documentos jurídicos, por exemplo. Lançarão manuais de "como escrever bem", publicarão reportagens sobre a importância de se "falar bem", farão programas de humor em que a piada é o uso de uma forma desprestigiada da língua (do tipo "seu Creysson").
Mas acontece que a língua ocorre nas ruas, não nas salas dos gramáticos. A língua na gramática só serve à elite. A das ruas, às massas. E é na língua que as massas mostram sua força, pois a elite não consegue, nem nunca conseguiu, deter o avanço da língua das massas sobre as formas prestigiadas por si. Mesmo quando no Brasil instituiu-se o português como língua oficial em detrimento de línguas indígenas, o resultado foi um "português brasileiro", cheio de "nhén nhén nhén" e "lenga lengas", de arapucas e cataporas, maritacas, pererecas etc.
Não se propõe aqui que a classe trabalhadora não precise ter acesso à norma culta da língua, pelo contrário. Mas que se deva ter respeito pelas variações regionais e de classe da língua, sem hierarquizar as variantes linguísticas em formas "melhores ou piores".
Enfim, pense bem antes de reproduzir piadas a respeito da forma linguística adotada por este ou aquele grupo, pois você pode estar reproduzindo aquilo que há de mais conservador nas elites deste país.
Dica boa (e clássica) de livro a este respeito é "Preconceito Linguístico - o que é, como de faz", de Marcos Bagno.
Mas o que faz uma língua mudar? São transgressões e rebeldia. Em todos os tempos as classes dominantes usaram a língua como uma das formas de dominação. Nas sociedades antigas, somente os homens do clero, escribas, senadores etc. podiam aprender a ler. Hoje, somente a burguesia e as camadas médias tem acesso a educação de qualidade.
Isso garante que fiquem sob domínio das das classes dominantes as normas de prestígio da língua - que geralmente são aquelas que mais se aproximam da norma culta, a forma gramatical.
Essas classes farão de tudo para que a língua não mude. Ou permaneça o máximo de tempo possível como está, para que, assim, possa ser por mais tempo um instrumento de dominação - tanto psicológico quanto formal, por meio do documentos jurídicos, por exemplo. Lançarão manuais de "como escrever bem", publicarão reportagens sobre a importância de se "falar bem", farão programas de humor em que a piada é o uso de uma forma desprestigiada da língua (do tipo "seu Creysson").
Mas acontece que a língua ocorre nas ruas, não nas salas dos gramáticos. A língua na gramática só serve à elite. A das ruas, às massas. E é na língua que as massas mostram sua força, pois a elite não consegue, nem nunca conseguiu, deter o avanço da língua das massas sobre as formas prestigiadas por si. Mesmo quando no Brasil instituiu-se o português como língua oficial em detrimento de línguas indígenas, o resultado foi um "português brasileiro", cheio de "nhén nhén nhén" e "lenga lengas", de arapucas e cataporas, maritacas, pererecas etc.
Não se propõe aqui que a classe trabalhadora não precise ter acesso à norma culta da língua, pelo contrário. Mas que se deva ter respeito pelas variações regionais e de classe da língua, sem hierarquizar as variantes linguísticas em formas "melhores ou piores".
Enfim, pense bem antes de reproduzir piadas a respeito da forma linguística adotada por este ou aquele grupo, pois você pode estar reproduzindo aquilo que há de mais conservador nas elites deste país.
Dica boa (e clássica) de livro a este respeito é "Preconceito Linguístico - o que é, como de faz", de Marcos Bagno.