a chuva que deixa
a praia deserta
mesmo neste lado da cidade
onde a especulação imobiliária
encheu de torres o horizonte
onde uma avenida
homenageia um ditador
ao longo de duas dezenas
de quilômetros
de praia
onde há imagens pagãs
e fontes de água turva
e um ou outro mendigo
tumultua a caminhada matinal
de cães de raça
esta chuva que cai
e rega as rosas de meu vizinho
e cujo som se assemelha
a um riacho
de água esperta
se lança distante daqui
em bairros que repousam
embaixo de águas calmas
(não somos de ninguém)
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