é preciso que se chore em silêncio
pois as pessoas não gostam de ouvir o pranto alheio
é muito difícil saber o que fazer
quando se escuta o pranto alheio
(é muito difícil disfarçar
e fingir que não se nota)
quando alguém chora de dar soluços
é constrangedor
ser insensível
marcadores que iam ser
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segunda-feira, 29 de novembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
poema no. 46
a luz do sol
queima minha pele
a luz do sol
talvez queime a sua pele
mas a luz do sol
não queima a pele de Eike Batista
até o sol é pelego
queima minha pele
a luz do sol
talvez queime a sua pele
mas a luz do sol
não queima a pele de Eike Batista
até o sol é pelego
sábado, 27 de novembro de 2010
poema no. 45 ou três pequenas coisas que tem de ser ditas
há momentos em que a vida é só lamentação
todos os sonhos
estão com sono
a vida
quase sempre
é bem dolorida
todos os sonhos
estão com sono
a vida
quase sempre
é bem dolorida
poema no. 44
bandos voam em direção ao oeste
tentam, em vão, manter uma formação em "V"
pássaros não têm coordenação motora
tentam, em vão, manter uma formação em "V"
pássaros não têm coordenação motora
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
poema no. 41
pessoas, quando morrem,
têm seus corpos velados
depois de sererm preparados para não estragar
após isso, os corpos são colocados em buracos
ou queimados até virarem cinzas
meu rato,
meu melhor amigo,
teve seu corpo jogado no lixo
(minha mãe achava uma heresia velar um rato)
algumas pessoas
também têm seu corpos
jogados no lixo
(há quem ache uma heresia velar um pobre)
têm seus corpos velados
depois de sererm preparados para não estragar
após isso, os corpos são colocados em buracos
ou queimados até virarem cinzas
meu rato,
meu melhor amigo,
teve seu corpo jogado no lixo
(minha mãe achava uma heresia velar um rato)
algumas pessoas
também têm seu corpos
jogados no lixo
(há quem ache uma heresia velar um pobre)
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
poema no. 40
está ali
tardiamente
o horizonte
o horizonte
é sempre tardio
inexiste se alcançado
-
a vida é toda inalcançável
-
por isso não me acalma
saber do horizonte
acalmaria-me saber da cachaça no lado oposto da mesa
mas entre mim e ela
há o horizonte
tardiamente
o horizonte
o horizonte
é sempre tardio
inexiste se alcançado
-
a vida é toda inalcançável
-
por isso não me acalma
saber do horizonte
acalmaria-me saber da cachaça no lado oposto da mesa
mas entre mim e ela
há o horizonte
Poema no. 39
ya he dejado que se empane
la ilusión de que vivir es indolor
(Jorge Drexler)
engana-se que pensa
que a vida é indolor
a vida é apenas dor
dor e dor
(uma após a outra)
a vida são dores
em todas as juntas
(as dores todas
juntas
são a vida)
engana-se quem pensa
sábado, 20 de novembro de 2010
poema no. 38
viver a verdade
é viver sem mentiras
não mentiras
como
não sei quem quebrou o copo
mas mentiras acerca
da própria existência
e de reconhecer a si
como humano
é viver sem mentiras
não mentiras
como
não sei quem quebrou o copo
mas mentiras acerca
da própria existência
e de reconhecer a si
como humano
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
poema no. 36
há uma canseira qualquer em mim que me impede de querer
ser é o bastante quando se está cansado
mas quando se cansa de ser
ser torna-se demais
ser é o bastante quando se está cansado
mas quando se cansa de ser
ser torna-se demais
poema no. 35
a pobreza é tão
bonita
os pobres não precisam de
caviar
ou de
champanhe
ou de
filé mignon
pobres se divertem com amendoim, cerveja e frango
a pobreza é tão divertida
os ricos morrem de rir dos
pobres
bonita
os pobres não precisam de
caviar
ou de
champanhe
ou de
filé mignon
pobres se divertem com amendoim, cerveja e frango
a pobreza é tão divertida
os ricos morrem de rir dos
pobres
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
poema no. 33
as dores
hei de tê-las
por ora
apenas o desejo de parar
e doer
até o mundo voltar a se mover
hei de tê-las
por ora
apenas o desejo de parar
e doer
até o mundo voltar a se mover
domingo, 14 de novembro de 2010
poema no. 32 ou Ato
tudo se move
cabelos e ímpetos
palavras invadem o salão
e tudo se move
palavras de ordem
olhares ferozes
corpos ao ar
se movendo
mesmo
o sal de prata se move
de lá
pra cá
a mão apoiada sobre a coronha
parece imóvel
mas
até ela
intimamente
em seu mais retido desejo
se move
cabelos e ímpetos
palavras invadem o salão
e tudo se move
palavras de ordem
olhares ferozes
corpos ao ar
se movendo
mesmo
o sal de prata se move
de lá
pra cá
a mão apoiada sobre a coronha
parece imóvel
mas
até ela
intimamente
em seu mais retido desejo
se move
sábado, 13 de novembro de 2010
Poema no. 30
o poeta Arnaldo Antunes
gosta de brincar
com a imagem das palavras
certa vez
parecia que a palavra shell
era hell
(ele disse que a cia. shell
assemelha-se ao inferno)
o poeta Arnaldo Antunes
é antes um pintor
um artista visual
dado a fazer arte
com o que se vê
rabisco de letra
ele faz poemas na forma de círculos
e o poema não acaba nunca
o poeta Arnaldo Antunes
é capaz de fazer poemas
sem fim
é antes um arquiteto
transvê o significado
é inclinado a significantes -
matéria sonora feita de desenhos
gosta de brincar
com a imagem das palavras
certa vez
parecia que a palavra shell
era hell
(ele disse que a cia. shell
assemelha-se ao inferno)
o poeta Arnaldo Antunes
é antes um pintor
um artista visual
dado a fazer arte
com o que se vê
rabisco de letra
ele faz poemas na forma de círculos
e o poema não acaba nunca
o poeta Arnaldo Antunes
é capaz de fazer poemas
sem fim
é antes um arquiteto
transvê o significado
é inclinado a significantes -
matéria sonora feita de desenhos
Sobre as dificuldades de se manter o blog
Como todos sabem, fui assaltado dentro de casa no dia 28/10/10.
Meu computador foi levado e desde então atualizar o blog tem sido muito difícil.
Contudo, os poemas tem sido escritos diariamente ainda que não sejam postados diariamente. Tenho ido a Lan Houses, usado os computadores da Unifesp (que fica em Santos, bem longe de casa) e/ou de amigos, como agora (valeu, Thalita!).
Espero que vocês mantenham o interesse pelo blog e sigam visitando-o. Logo mais haverá uma reforma no blog e o conteúdo será mais amplo e diversificado.
Obrigado a todos.
Mauricio.
Meu computador foi levado e desde então atualizar o blog tem sido muito difícil.
Contudo, os poemas tem sido escritos diariamente ainda que não sejam postados diariamente. Tenho ido a Lan Houses, usado os computadores da Unifesp (que fica em Santos, bem longe de casa) e/ou de amigos, como agora (valeu, Thalita!).
Espero que vocês mantenham o interesse pelo blog e sigam visitando-o. Logo mais haverá uma reforma no blog e o conteúdo será mais amplo e diversificado.
Obrigado a todos.
Mauricio.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
poema no. 29 ou Considerações
cabeça vazia
esvazia o papel
poemas precisam de problemas
para ser
(poemas são máquinas de fazer arte
com insanidades)
esvazia o papel
poemas precisam de problemas
para ser
(poemas são máquinas de fazer arte
com insanidades)
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Poema no. 28
há muitos pobres nas ruas
há muitos pobres em casa
há muitos pobres em todo
lugar
nas cadeias há muitos pobres
mas fora delas, há muito mais
(e sempre há uma rebelião
e muitos pobres voltam pra
casa)
pobre em casa, é sempre um risco
pobre na escola é sempre um risco
pobre no hospital é sempre risco
e o risco cresce quando muitos pobres
juntos
percebem que são pobres e reclamam
juntos
ainda bem que a polícia
está do lado do bem
há muitos pobres em casa
há muitos pobres em todo
lugar
nas cadeias há muitos pobres
mas fora delas, há muito mais
(e sempre há uma rebelião
e muitos pobres voltam pra
casa)
pobre em casa, é sempre um risco
pobre na escola é sempre um risco
pobre no hospital é sempre risco
e o risco cresce quando muitos pobres
juntos
percebem que são pobres e reclamam
juntos
ainda bem que a polícia
está do lado do bem
terça-feira, 9 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
Poema no. 25
esconder-se em si
saber de si pelo que se não é
amar-se menos que a outrem
o ser social é um hipócrita
antes de qualquer coisa
–
a hipocrisia fez de nós
humanos
saber de si pelo que se não é
amar-se menos que a outrem
o ser social é um hipócrita
antes de qualquer coisa
–
a hipocrisia fez de nós
humanos
sábado, 6 de novembro de 2010
Poema no. 24
há uma perna preta estendida na calçada
a perna
em si
não é tão preta
mas está suja
de uma sujeira preta
muito preta
que deixa a perna ainda mais preta
o cheiro de urina e
merda
faz da perna ainda mais preta
o cheiro de urina e merda
faz da perna
ainda mais preta
a perna
que é preta
se escurece mais a cada inspirar do odor
(sabemos que é uma perna preta
que fede e que
seguramente
é de alguém muito muito pobre
e
assim
preto)
a perna
em si
não é tão preta
mas está suja
de uma sujeira preta
muito preta
que deixa a perna ainda mais preta
o cheiro de urina e
merda
faz da perna ainda mais preta
o cheiro de urina e merda
faz da perna
ainda mais preta
a perna
que é preta
se escurece mais a cada inspirar do odor
(sabemos que é uma perna preta
que fede e que
seguramente
é de alguém muito muito pobre
e
assim
preto)
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Poema no. 23
estar acordado às três da manhã
quando ninguém mais está
é estar dormindo
às três da manhã
numa casa onde todos dormem
o silêncio só é violado pelos pensamentos
sonhos são pensamentos que fazem barulho
e parecem verdade
assim como a verdade parece verdade
às três da manhã
quando se está acordado enquanto todos
dormem
quando ninguém mais está
é estar dormindo
às três da manhã
numa casa onde todos dormem
o silêncio só é violado pelos pensamentos
sonhos são pensamentos que fazem barulho
e parecem verdade
assim como a verdade parece verdade
às três da manhã
quando se está acordado enquanto todos
dormem
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Poema no. 22
palhaços são muito complexos
eles não sabem das coisas simples
um palhaço não consegue sentar
numa cadeira
com simplicidade
palhaços sempre caem das cadeiras
palhaços sempre caem
palhaços chutam as nádegas de outros palhaços
e têm suas nádegas chutadas enquanto zombam de palhaços
que tiveram suas nádegas chutadas
(eles deveriam saber que seriam alvos, ao se descuidarem)
palhaços não percebem que
numa casa sem paredes
não é necessário que se passe pela porta
palhaços não são plenos de sanidade
nem se dão ao respeito
eles não sabem das coisas simples
um palhaço não consegue sentar
numa cadeira
com simplicidade
palhaços sempre caem das cadeiras
palhaços sempre caem
palhaços chutam as nádegas de outros palhaços
e têm suas nádegas chutadas enquanto zombam de palhaços
que tiveram suas nádegas chutadas
(eles deveriam saber que seriam alvos, ao se descuidarem)
palhaços não percebem que
numa casa sem paredes
não é necessário que se passe pela porta
palhaços não são plenos de sanidade
nem se dão ao respeito
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Poema no. 21
há corpos seminus
correndo pela areia
felizes
sorridentes
ensolarados
sol e biquínis
atrapalham a visão
correndo pela areia
felizes
sorridentes
ensolarados
sol e biquínis
atrapalham a visão
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Poema no. 20
as pessoas têm medo do socialismo
o socialismo assusta as pessoas
sobretudo os pobres
os pobres querem que tudo permaneça como está
a pobreza pobre
faminta
presa
os ricos querem que tudo permaneça como está
a pobreza esperançosa de um dia não ser
pobre
faminta
presa
(eles acham que se estudarem, ganharão melhores salários)
os ricos têm muito medo do socialismo
os ricos são muito convincentes
o socialismo assusta as pessoas
sobretudo os pobres
os pobres querem que tudo permaneça como está
a pobreza pobre
faminta
presa
os ricos querem que tudo permaneça como está
a pobreza esperançosa de um dia não ser
pobre
faminta
presa
(eles acham que se estudarem, ganharão melhores salários)
os ricos têm muito medo do socialismo
os ricos são muito convincentes
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Poema no. 19 ou Poema Infantil
há dor no sexo
a dor do sexo
mata o sexo
quase nunca
se quer dor
no sexo
sexo dá prazer
sexo causa dor
há dores que não passam
mesmo depois do sexo
a dor do sexo
mata o sexo
quase nunca
se quer dor
no sexo
sexo dá prazer
sexo causa dor
há dores que não passam
mesmo depois do sexo
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