quarta-feira, 29 de agosto de 2012

poema no. 300


As peras, no prato,
apodrecem.
O relógio, sobre elas,
mede
a sua morte?
(Ferreira Gullar)

a vida segue
nós seguimos
juntos

e assim vida e nós
parados um com o outro

mas em dado momento
a vida avançou
(ou nós)

nos distanciamos

e quem podia prever
e quem podia notar
se parados
se distraídos com tanta coisa
com o mundo todo em sofrimento
com o capital alienando o mundo todo em sofrimento
com o cotidiano afogar-se em contas e tentar viver apesar delas
com o esperar do ônibus do trem do trólebus do metrô e de outro ônibus
(no ponto de táxi
pois é mais seguro)

a vida seguiu mais rápido (ou nós)
e eu te amo desesperadamente
e a vida segue mais rápido (ou nós)

não sei o que te dizer
não sei o que me dizer
não sei se há algo a ser dito
                                            ou feito ou esperado
não quero ser saudosista
não quero mais dor nem me ater à vida
       quero que tudo acabe

bem

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...