sei que não farei um poema
não há talento
nem dedicação neste momento
para que seja escrito um poema
não há paciência para que se desconstrua a linguagem
para que eu me detenha sobre a forma
para que eu pense sobre questões de prosódia
ainda assim
escreverei com meu estômago
que queima
de tanto que como
na tentativa de me tornar feliz
substituindo-te
por gorduras e sal
escreverei sob a vertigem
e mais
sob a intensa certeza de saber-me tolo
fraco e tolo
imensamente fraco tolo e bobo
vertiginosamente
escreverei ao léu
não um poema
mas uma cuspida
após o pronunciamento de seu nome
lacrimal
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