quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

poema de natal

enquanto em algum lugar
desta cidade à beira-mar
crianças são ofendidas
por jogarem seus limões
para o céu

eu choro
sob a água morna
de meu chuveiro elétrico
pensando em poemas
e em seus motivos

a luta de classes não me toca
nem a ninguém que esteja
sob água morna e ainda menos
se estiver quente e enrugando
as falanges

ao passo
em que todos os meus amores
dispersos pelo estado de são paulo
e minha solidão em meio a uma multidão
e comida e espumantes e presépios

me rasgam o peito
como balas violando corpos
num bairro operário

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