duzentos mil
duzentos mil milhões de poemas
que sejam
não são aquilo que há
de mim
sobre ti
mas
o encantamento sapiente
que me faz saber-te
encanto enquanto
um instante
(um ano
duzentos mil milhões de anos)
se demora entre nós
o saber-me nuvem
pronto pra chover
pra ser um aguaceiro
um salseiro
um pé d'água
de mágoas
se massas quentes de ti se chocam
contra mim
o estar sempre pronto
a dizer sim
a ouvir não
a lançar mão
de quaisquer advérbios
de quaisquer advérbios
que intensamente me ponham em dúvida
que este é o modo que se afirmam
nossos tempos
o calor que se dá no escuro
em frente à água fria
que chega à bacia de santos
pelo oceano atlântico
e que não chega
a tocar nossos pés
(não é versar meus versos
que te levará a saber
o que te faz em mim
é versar o meu anverso)
Nenhum comentário:
Postar um comentário