A Júlia Clara
companheira
se falo de ti
e minha boca
fala dele
é que meus olhos
ainda só veem
o que está aparente
essa tua luta
contra tudo
o patriarcalismo
o olhar dicotômico sobre nossos corpos
sobre nossos olhares
essa tua luta
é também contra o meu olhar acostumado
o meu olhar viciado
o meu olhar
que de tanto querer mudar o mundo
esqueceu de mudar a si mesmo
de mudar a mim
por isso
sigamos
companheira
em luta
nossos corpos irão mudar
nossos olhares irão mudar
o mundo irá mudar
tu serás tu
e eu já não serei mais eu
serei outro
o outro que te reconhece em mim
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quarta-feira, 30 de abril de 2014
quarta-feira, 23 de abril de 2014
desamor
Se o poeta falar num gato, numa flor,
num vento que anda por descampados e desvios (...)
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá… Que importa?
Todos os poemas são de amor!
Mário Quintana
meu dia é de dor
na luta que luto
no luto que guardo
pelos companheiros
pelas companheiras
que se foram
e se luto
se sigo em luta
se ponho em riste
meus punhos cerrados
e avanço cantando
canções de luta
de companheiras e companheiros
que já se foram
é que eu mesmo
já me fui
e se fico por aí
suspenso
içado vagando sem rumo
sem prumo
amando
sabe-se lá o que
por quê
pra quê
lembro que amor
não se ama em sonho
se ama em luta
num vento que anda por descampados e desvios (...)
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá… Que importa?
Todos os poemas são de amor!
Mário Quintana
meu dia é de dor
na luta que luto
no luto que guardo
pelos companheiros
pelas companheiras
que se foram
e se luto
se sigo em luta
se ponho em riste
meus punhos cerrados
e avanço cantando
canções de luta
de companheiras e companheiros
que já se foram
é que eu mesmo
já me fui
e se fico por aí
suspenso
içado vagando sem rumo
sem prumo
amando
sabe-se lá o que
por quê
pra quê
lembro que amor
não se ama em sonho
se ama em luta
terça-feira, 15 de abril de 2014
chuva boa
a chuva que deixa
a praia deserta
mesmo neste lado da cidade
onde a especulação imobiliária
encheu de torres o horizonte
onde uma avenida
homenageia um ditador
ao longo de duas dezenas
de quilômetros
de praia
onde há imagens pagãs
e fontes de água turva
e um ou outro mendigo
tumultua a caminhada matinal
de cães de raça
esta chuva que cai
e rega as rosas de meu vizinho
e cujo som se assemelha
a um riacho
de água esperta
se lança distante daqui
em bairros que repousam
embaixo de águas calmas
(não somos de ninguém)
a praia deserta
mesmo neste lado da cidade
onde a especulação imobiliária
encheu de torres o horizonte
onde uma avenida
homenageia um ditador
ao longo de duas dezenas
de quilômetros
de praia
onde há imagens pagãs
e fontes de água turva
e um ou outro mendigo
tumultua a caminhada matinal
de cães de raça
esta chuva que cai
e rega as rosas de meu vizinho
e cujo som se assemelha
a um riacho
de água esperta
se lança distante daqui
em bairros que repousam
embaixo de águas calmas
(não somos de ninguém)
terça-feira, 8 de abril de 2014
segurança
a polícia
que te protege
que te deixa
são e salvo
se por acaso
tu passas na quebrada
é a que quebra minha cara
preta (só porque ela é preta)
é a que mata meninos
é a que viola meninas
onde o seu candy crush
não chega
é a que invade o meu bairro
e nos explica o que é o
terror
a polícia que te protege
te protege
de mim
que te protege
que te deixa
são e salvo
se por acaso
tu passas na quebrada
é a que quebra minha cara
preta (só porque ela é preta)
é a que mata meninos
é a que viola meninas
onde o seu candy crush
não chega
é a que invade o meu bairro
e nos explica o que é o
terror
a polícia que te protege
te protege
de mim
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