quinta-feira, 9 de maio de 2013

poema no. 356 ou vigília onírica

sei que te vi
e te toquei
e nos tocamos

e se sei
se me sei e te sei
é porque sinto na pele a tua pele
e nas mãos o teu cabelo
e no ouvido esquerdo uma lembrança de tua voz
me dizendo qualquer coisa que não faz sentido agora
mas que fazia porque era a tua voz

sei que senti tua falta
quando te viraste e foste ao quarto ao lado
e eu te chamei e tu respondeste
que não poderia ser mesmo assim
pois a vida nos impede com suas concretudes
e desassombros

eu sei que fiquei triste
sei porque ainda está cá a tristeza
de saber que tua mão e tua voz eram vapor
ou não
ou eu sou vapor
onírico
e ficaste tu
concreta e sólida e fria pra trás

acontece que não sei o que saber
se tua pele tocou minha pele (mas tocou)
se tua voz entrou em mim (mas entrou)
se ficaste para trás (mas ficou)

acontece que não sei se o que sei
soube de fato ou só penso que soube
mas eu soube
quando subi em ti
e seguimos assim por duas quadras
e me disseste
                    para mauricio
e eu parei

acontece que agora
que me sei vivo
que me sei desperto
sei que tua mão e teu cabelo
não são vapor
e não me tocam
embora eu lembre de cada segundo
em que deslizaste por mim

(talvez eu esteja um tanto confuso)



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