domingo, 19 de maio de 2013

poema no. 357

A Manoel de Barros

ensinou-me pasquale cipro neto
só pra cima se pode subir
por isso
se diz-se
subi pra cima
há uma redundância
um vício de linguagem

mais tarde desensinou-me joaquim pilé
que ele tinha subido pra dentro de si
e visto com os olhos (mas pelo lado de dentro)
como é alto e escuro dentro de si
e depois de tanto subir
acabou no meio do escuro perdido
e não sabia voltar

então gritou alto três vezes uma reza de índio
que tinha aprendido com sua mãe
e já tinha descido pra fora de novo

joaquim pilé me desensinou
que pra fazer poesia
é preciso ser viciado em linguagem

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