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domingo, 31 de outubro de 2010
Poema no. 18
não são a enxaqueca
não são em mim
não são em ninguém
são dores que ninguém sente
ninguém percebe
(ninguém se emudece diante delas)
ninguém parece se dar conta dessas
dores
(a certeza de que
por muito tempo
nada mudará)
sábado, 30 de outubro de 2010
Poema no. 17
8 horas da noite
(talvez sejam pererecas)
são muitos muitos
imaginam que sejam
muitos
às oito horas da noite
sapos são
principalmente
ouvidos.
às 20h00
sapos
invisíveis
anunciam sua presença.
Poema no. 16
nas cabeças
idéias repetidas
vencer vencer vencer
(a qualquer custo)
(a qualquer custo)
(a qualquer custo)
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Poema no. 15
sua imagem doce
sua voz doce
em doce movimento
tudo se foi
até quando hei de me lembrar
de você?
não de você
homem, nome, avô, paulino, coisa de família
mas dos olhos fingindo ver
o que os ouvidos não escutam.
Poema no. 14
não salvará o mundo
a vida segue sendo
hipócrita e
absurda
após o poema
quem tem fome seguirá com fome
quem morreu seguirá morto
quem sobreviveu seguirá
o poema não muda nada
o poema não muda
Assalto e falta de poema
Isso aconteceu pois minha casa foi assaltada por 4 homens quando eu e meus filhos chegavamos em casa.
Meu computador, entre outras coisas, foi levado.
Hoje postarei o poema no. 14 alem do poema no. 15.
Meus filhos e eu passamos bem e esperamos que este mundo injusto possa, um dia, dar chances iguais a todos e que todos tenham acesso aos mesmos bens - materiais e culturais.
Ate mais,
Mauricio.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Poema no. 13
a América é um sonho
fragmentado
do qual não se lembra com precisão
somos tão separados
e tão, tão diferentes
os Estados Unidos são a América
a América Latina é a América Latina
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Poema no. 12
as praias de Praia Grande
são sujas
(há preservativos à beira do mar)
os paulistanos merecem praias limpas
por isso inventaram Ubatuba
Praia Grande inteira é suja
as ruas têm lixo amontoado
os terrenos tem lixo amontoado
há um cheiro de esgoto que se espalha pela cidade
(há corpos à beira do mangue)
os paulistanos não visitam o mangue
domingo, 24 de outubro de 2010
Poema no. 11
sábado, 23 de outubro de 2010
Poema no. 10
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Poema no. 9
Um acorde de Arrigo Barnabé
fere menos que Brasília.
Perto dela, somos tão pouco
tão pequeninos
tão tadinhos
tão ínfimos
que nos faltaria força para dar um suspiro
mas há coisas mais urgentes
que a beleza de Brasília.
Poema no. 8
pores do sol
não podem me tocar
nada pode
não há nada de tão belo
que possa me tocar
tantos medos
tantos indícios de que
a vida seja tão insegura
(a vida é tão insegura)
pores do sol
nunca mais me tocarão
(não como se toca um poeta
ou um pintor medíocre)
a não ser
que olhando para ele
estejam todos
os homens vis
os homens mais vis
vendo sua luz morrer
Poema no. 7
Falta de poemas
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Poema no. 6 ou Baixada Santista
Está provado: quem espera nunca alcança.
(Chico Buarque)
Somos mil e poucos estudantes
Somos mil
e somos poucos
numa universidade federal
Há milhões que não nos são
e a quem devemos por sermos
mil e poucos estudantes
Para pagá-los
(por seu esforço silencioso e dolorido para nos manter aqui,
mesmo em condições que não nos permita retribuir)
é que gritamos e
gritamos e
gritamos
para que em breve sejamos
mil e poucos lavradores carpindo este mundo injusto
para que em breve haja
muitos
numa Universidade Federal
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Poema no. 5
a vida basta
a vida bastaria
para um bilhão de pessoas que sentiam fome ontem
e ainda sentirão amanhã
a arte não pode tocá-las
nem espero que toque
aliás,
não há de tocá-las
que as toque um instinto sangrento de sobrevivência
e uma luz que as indique o seu algoz
nós