Schoenberg: o último revolucionário da música |
Arnold Schoenberg, já citado no esboço Mesmice Tonal, em seu Harmonia (Trad. Marden Maluf, Ed. Unesp), faz uma citação ao filósofo Robert Neumann na maior nota de rodapé que já foi escrita (tem duas páginas!). Nunca encontrei outra citação a ele, a não ser em artigos sobre Schoenberg.
Mas, a questão, é que Neumann fala sobre a quantidade ideal de tons para uma perfeita consonância. Das coisas mais malucas já escritas, mas é bacana.
O sistema tonal trabalha com 12 tons (A, A#, B, C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#). Todas as canções que tocam no rádio, no Luciano Huck, no Faustão, bem como todas as peças de Beethoven, Mozart, Bach, Villa-Lobos se utilizam deste universo de tons (ou notas).
Pois bem, imagina-se que em dado momento da história, as possibilidades de combinação entre as doze notas do sistema tonal se esgotarão. Assim, seria necessário dividir a oitava (distância entre Dó e Dó, por exemplo) em mais tons.Alguns modos orientais, sobretudo, já se utilizam de micro-tons há muito tempo. Mas no ocidente, isso é recebido com estranheza.
O mais lógico, então, seria dobrar a quantidade de tons reduzindo a distância mínima da escala cromática (o semitom (distância entre Dó e Dó#, por exemplo)) à metade.Ou seja, as divisões da escala dariam-se sempre em múltiplos de 12.
Contudo, Neumann enxerga nessa necessidade de uma divisão maior da escala cromática uma oportunidade de construção de uma escala mais "pura". Uma escala com 48 tons, basearia-se nos mesmos intervalos da escala atual, de 12 tons. Mas Neumann propõe uma escala com 53 tons, cujos intervalos, segundo o filósofo, produziriam consonâncias muito mais puras que as atuais oitava, quinta e/ou terça.
Loucura? Talvez. Mas sem loucos como Schoenberg e Neumann estaríamos fadados a ouvir a mesma música de dois séculos atrás.
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