quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mesmice tonal


   Há quase dois séculos, Beethoven levou a música tonal ao seu ápice. Todo o
possível e imáginavel fora atingido ali, em Beethoven.
   Em sua Nona Sifonia (em Ré Menor, Op. 125, Coral), ele atingiu o, até então,
inatingível. Seja na forma, uma sinfonia coral, seja na harmonia, o esquema
tensão / relaxamento, problema / resolução foi explorado em sua magnitude.
Ora, isso tudo não é novidade. Repito esse discurso lugar comum pra que,
então? Pra concluir que, desde então, nada de novo - realmente novo - surge
na música tonal.
   Sim, houve Villa-Lobos. Houve Gershwin. Contudo, a única revolução na
música, desde então, só ocorreu com Schoemberg, Anton Weber e cia. A
música atonal resolveu a mesmice da música tonal.
   Koelreuter a apresentou a Tom Zé e Tom Zé usou aqui e ali algo da
serialidade e dodecafonismo.
   Mas a música popular brasileira só pode ser uma música realmente
moderna com Arrigo Barnabé. Arrigo trouxe a atonalidade à canção
popular com 80 anos de atraso. Suas canções são belíssimas e
assustadoras. Tudo ali inspira o futuro. Um futuro que acontece há 100
anos.
   O resto é resto. É a mesmice tonal. Mais ou menos competente, mas é a
mesma coisa que vem se formando há 10 séculos e que teve seu ápice nos
anos 1820.

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