Esqueça qualquer filme antes de ver este |
Este esboçador está arrebatado.
Não me lembro de ter ficado tão feliz (na verdade a palavra é infeliz) por ver um filme, como fiquei ontem em ver Lixo Extraordinário. O filme de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley sobre o trabalho de Vik Muniz com catadores do Aterro Sanitário de Gramacho é de arrancar lágrimas dos olhos mas duros.
Em pouco tempo de filme, não há mais Vik Muniz, não há mais o grande fotógrafo, há apenas as vidas tão distantes daquelas pessoas - Isis, Zumbi, Tião, Leide, Suelem - que nós, ricos, classe média alta, e qualquer classe acima da pobreza teimamos em fingir que não existem.
Lixo Extraordinário já ganhou muitos prêmios como o Prêmio do Público de Melhor Documentário no Festival de Sundance - 2010, e Os prêmios do Público (na mostra Panorama) e da Anistia Internacional, no Fstival de Berlim - 2010. Agora está indicado ao Oscar de melhor documentário. Mas nada disso importa. Apenas importa que o filme é absolutamente lindo.
Há muitos momentos muito comoventes em todo o filme e todos vão nos levando a apenas uma conclusão: não é possível que sejamos coniventes com isso. Não é possível que sejamos coniventes com essa sociedade que obriga pessoas a viverem no lixo. A despeito de sua resignação, a despeito de sua alegria desafiadora, não podemos manter o funcionamento de uma sociedade que fecha os olhos a isso - dez pessoas no cinema do bairro do Gonzaga (um bairro nobre) em Santos e centenas (milhares, milhões) em lixões, palafitas, favelas.
Não podemos mais fingir que isso não é problema nosso.
Abaixo, o trailer do filme.
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