Parte do teatro contemporâneo, em todo o mundo, tem vertido pela agressividade. Com o texto, consigo mesmo, com a sociedade, com o público.
No Brasil, podemos pensar rapidamente em dois nomes. José Celso Martinez Correa e Plínio Marcos. Este um dramaturgo ligado à literatura marginal (veja mais aqui e aqui) em aquele, diretor do Teatro Oficina, cujas peças normalmente ferem o público na pele.
Embora o teatro agressivo tenha ligação direta com a arte moderna, antiacadêmica, buscando o rompimento com os bons costumes da arte comportada, já na Grécia Clássica, autores como Aristófanes agrediam o público chamando-o de desleal e injusto.
José Celso também se caracteriza por agredir o reacionarismo do espectador paulistano. Foi muito influenciado por Antonin Artauld (veja aqui, esboço sobre os malditos), criador o teatro da crueldade, um teatro antiliterário e totalmente viceral, ligado à direção.
O palavrão, o obsceno que rega o trabalho destes autores são responsáveis por uma ruptura clara com caráter lúdico do teatro. Contudo, este teatro tornou-se uma iguaria. Como um escargot: algo nojento a que a burguesia se submete para parecer burguesa o bastante.
A agressão paga a bons preços perde o sentido. O público sabe que será agredido e vai até a sala só para isso. Para fingir que entende a peça e ser xingado por isso.
Zé Celso faz muito bem em agredir a nata paulistana que vai ao Oficina. Mas deve pensar aonde essa agressão está dando. Terá ela resultado? Espero que sim.
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