A arte contemporânea é a arte feita em nosso tempo. E qual a arte feita em nosso tempo? A arte feita em nosso tempo são muitas. Mas, de modo geral, todas elas não se encerram em si. Nem em nada. permitem leituras diversas e caminhos muitos para chegar-se ao seu fim.
A arte contemporânea não tem um movimento não podemos definir a escola literária de nosso tempo. Há um sem-número de tendências. Os movimentos ocorrem quase individualmente. Muitas vezes em coletivos, mas um coletivo difere-se do outro.
Ora, como podemos comparar a poesia de Ferreira Gullar à de Arnaldo Antunes? E esta à de Décio Pignatari. Mesmo Décio e Arnaldo diferem demais entre si para enxergarmos um movimento claro.
O único ponto que une os artistas contemporâneos é a inconclusão. A arte contemporânea busca o caminho aberto, sem orientação de sentido. Arnaldo, Ferreira, Arrigo, Vik Muniz, ou mesmo, Gustavo Rosa, buscam a abertura e, assim, construir a obra com a ajuda do espectador. A obra só se conclui com a interpretação do vedor.
Isso não é um fenômeno artístico, mas social. As teorias sociais apontam neste sentido desde o fim do século XIX. A sociedade vem, desde então, deixando de lado as verdades absolutas, os dogmas, para seguir por verdades relativas. Este mundo aberto não pode produzir senão uma arte aberta. Diante disso, percebemos que a arte contemporânea não tem natureza, mas está viva sendo modificada pela sociedade que a cria.
A comunicação é fechada. É preciso que ela seja fechada pra que não haja nenhum tipo de dúvida sobre a mensagem. O receptor deve ter certeza do conteúdo da mensagem. Se uma obra é fechada o bastante para não gerar dúvida alguma, não é senão comunicação. Bonita, floreada, elaborada, mas comunicação. A comunicação é previsível, banal. A arte é imprevisível, conflituosa.
É claro que há desvios desse pensamento. Aqui e ali vemos artistas se voltando para um tipo de arte que busca o absoluto (isso sem levarmos em consideração a cultura de massa).
Posto isso, pergunto: a arte é sublime ao ponto de ser intocável? Ora, claro que não. Como qualquer processo histórico, pode ser vista com olhar crítico. E como qualquer processo histórico, seguirá o rumo da sociedade em que está inserida.
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