segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Estrela da Manhã

Estrela da Manhã foi escrito por um Manuel Bandeira cinquentenário. Porém, ainda sem se manter com a literatura. O papel, para a edição foi um presente de amigos. A edição: 47 exemplares.


Momento num café
Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta



Poema do Beco
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.



Conto Cruel
A uremia não o deixava dormir. A filha deu uma injeção de sedol.
- Papai verá que vai dormir.
O pai aquietou-se e esperou. Dez minutos... Quinze minutos...
Vinte minutos... Quem disse que o sono chegava?
Então ele implorou chorando:
- Meu Jesus Cristinho!
Mas Jesus Cristinho nem se incomodou

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