segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Farewell

   Carlos Drummond de Andrade é um poeta. Ele morreu em 1987.
   Drummond é dono de uma poesia simples. Uma poesia que se insere entre a  poesia simbolista e contemporânea. Isso pode parecer óbvio, mas ponho desta forma pra evidenciar a simplicidade de sua poesia. A poesia simbolista é parceira do complexo. A poesia contemporânea é parceira do som inebriante, do visual vertiginoso. A poesia moderna é parceira do simples.
   Não simplismo, mas conciso.
   Drummondo é o poeta moderno. Oswald de Andrade fundou o modernismo, mas Drummond o levou às últimas  conseqüências.
   Abaixo poemas de seu último livro - Farewell. Seu adeus.

Dois Sonhos
O gato dorme a tarde inteira no jardim
Sonha (?) tigres enviesados a chamá-lo
para a fraternidade no jardim.
Gato sonhando, talvez sonho de homem?

Continua dormindo, quanto ignoro
a natureza e o limite do seu sonho
e por minha vez
também me sonho (inveja) gato no jardim.

Escravo em Papelópolis
Ó burocratas!
Que ódio vos tenho, e se fosse apenas ódio...
É ainda o sentimento
da vida que perdi sendo um dos vossos.

Liberdade
O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.
Mas livre, bem livre,
é mesmo estar morto.

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